Eu pelo contrário já conhecia o barulho dos teus passos pela calçada, quase encoberto pelo bater do meu coração…
Já sabia de cor os teus horários, os teus dias e percursos, por onde vinhas, por onde ias… assim sentada na soleira da porta imaginava o que fazias quando depois de passar por mim deixava de te ver, quando ficavas tão pequenino que apenas os olhos do meu coração te conseguiam distinguir lá bem longe… e eu sentada na soleira da porta… com vontade de bater com a porta, de abrir a janela e ver o mundo para além da minha soleira, para além do meu imaginar, sentir na pele os caminhos que percorres, os trilhos e rumos que traças pelo te caminhar, pelo teu ir…eu sentada na soleira da porta via-me partir, ir para além do horizonte, para além daquele ponto distante onde já não te distinguia…
Sentada na soleira da porta inventava mil viagens e historias, escolhia personagens e cenários, compunha destinos e traçava vontades, sentada na soleira da porta deixava-me ir levada pela imaginação para mundos secretos que habitavam na minha cabeça, num mundo só meu fingia viver, comandada pela ilusão.
Sentada na soleira da minha porta fui…
E tu que vês da soleira da porta?
Piodão, um destino a não perder...
Da soleira da minha porta, a de vejo uma menina pequenina a brincar, juntamente com algumas crianças, muito feliz mas com um olhar triste, de que havia algo a fazer, algo iria acontecer, sabia que a vida não se reduzia ao que via, havia muito mais para além do que o seu olhar conseguia ver, olhava-se e olhava os outros meninos e via que no horizonte estava mais e mais e mais, mas... não conseguia perceber... Sentada na soleira da sua porta sonhava, imaginava o que haveria lá, no horizonte, sabia que existia muito...
Sentada na soleira da sua porta sonhava com o que um dia seria, veria e sentiria...
Sentada na soleira da minha porta, vejo o quanto a menina estava certa, vejo o quanto ainda olho o horizonte e quanto mais perto chego, mais me afasto do que posso ver, ainda mais além...
Boa semana.
Serenos sorrisos